Fecho os meus olhos e cego…
De tanto fecharmos os olhos deixamos de saber olhar…
Ai meu amor que me fazes tanta falta… ai meu pedaço de mar, de céu, de sonhos!... de olhar!...
O que esperar?...
O que é de viver?...
Sombra, saudade, silêncio… vazio por dentro de cada um cheio… tão aparente!... aparentemente só!
Estou triste, como sou!
Fico, em falta de mim… despeço-me não sei quando… sem tempo nem claridade… apenas efemeridade!...
Olha como sou! Olha como tarda o meu crepúsculo ao meio-dia e me atraso eu no meu andar carente de ócio!... tarda… o meu mar!... tarda a minha fonte… cala a minha voz… só para não viver de morte!...
Sonho sonhando, como nem todos sabem sonhar!... é a minha sorte e o meu pecado… Veneno amaldiçoado… quem sabe… forte, vencedora… e tão negativa, tão frágil, tão… mimada!
Sim é o que sei que sou… lata de sardinhas em óleo do mais refinado!... português, é claro, ou não fosse eu artista!...
- Ana Margarida - in UNO I, 2022
Em construção...